“Depois de um tempo, a gente entende que não há distância para aqueles que se amam, contrariando o que dizem a quilometragem, a diferença de fuso, o tanto de afastamento dos olhos. Porque o olhar que importa é o olhar que ama, é o olhar que sente, é o olhar que abençoa, e esse olha de qualquer lugar. A gente entende que estar perto do corpo não significa necessariamente estar no coração.
Porque para se estar no coração é preciso mais do que a presença física de olhos, ouvidos, toque, pele, voz. Para se estar no coração, adivinhe só: é preciso amor. E o amor é essa ponte que nos leva a qualquer destino de maneira instantânea.
Nós nos acostumamos a experimentar os nossos cinco abençoados sentidos como se tudo girasse em torno deles de forma exclusiva.
Mas, depois de um tempo, depois de algum caminho percorrido, a gente começa a descobrir que não é só isso. Por mais distante que seja, nós podemos ir onde o sentimento nos levar. Podemos ir e sentir um conforto imenso ao encontrar o que está lá. Quem está lá.”
Quando se arremessa uma lanterna ao fundo de um poço profundo e escuro, ela desce e suas paredes se iluminam suavemente…. e estas começam a falar… Pois, as lembranças iluminam o mergulho ao passado. Ao lermos relato histórico sobre a Arprom, Cabo Adelcio constava na fotografia. Nós, como familiares, presenciamos muitos daqueles acontecimentos. Reverenciamos publicamente a memória deste ser humano especial. Respeitosamente, cita-se o nome de Adelcio Parro. Ele honradamente colaborou em vida integrando a Arprom, como coordenador, por ininterruptos 33 anos.
Nada se pode contra a verdade.
CABO ADELCIO
Origem humilde, nasceu em 12/12/1940, na cidade de Cedral/ SP. Seus pais, Ernesto Parro e Rosa Bochio Parro criaram seis filhos: Osvaldo, Osmar, Sebastiana, Elisa, Adelcio e Oderci. Cursou a escola de PMS em São Paulo e a Escola de Cabo e Soldados em Taubaté. Chegou à Arprom pelas honoráveis mãos de seus fundadores em 1967. Em 24/05/1969, casou-se com Maria Odete Berni. Casamento este que gerou dois filhos. Graduou-se em Direito e exerceu a função de Oficial de justiça de 1984 a 1996. Trabalhou na Arprom até o dia 11/12/2000, onde foi gravemente ferido por triste incidente em seu amado local de trabalho. Ele faleceu 30 dias depois.
Instantânea ausência para a família e amigos.
Homem simples e modesto. Destacavam-se a generosidade e a solidariedade. Brincalhão, paciente, conciliador. Austero ao repreender a traquinagem juvenil. Pai em período integral de dois filhos e centenas de adolescentes a cada ano. Compreendia as aflições humanas. Atendia a pais, familiares e suas histórias de vida com os jovens. Aos poucos, sinônimo de Arprom além de orientação e amparo, era Cabo Adelcio. Uma existência irrecuperável.
Apelidava a todos de modo engraçado e carinhoso. Perspicaz, analisava nossas personalidades e…. zássss! Não nos livrávamos nunca mais dos apelidos. Santista apaixonado, Pelé era o seu ídolo. Quando criança, mamãe, meu irmão e eu assistíamos aos desfiles de 7 de setembro em que ele e os jovens da Arprom desfilavam. Com o entusiasmo de crianças gritávamos quando passavam: “Paiêêê!” Mas, é claro, não se desconcentrava nunca da função de conduzir os jovens no importante momento para a PÁTRIA. Na antiga sede, da rua Voluntários de São Paulo, nós familiares também ajudávamos em total união para embalar as cestas de Natal dos produtos doados por ilustres colaboradores da cidade, proporcionando presentes às famílias dos jovens.
Segundo palavras atribuídas a Willian Shakespeare: “O tempo não para. A fim de que juntemos os pedaços de um coração partido. E que devemos plantar nosso jardim, e decorar a alma.”
Recolhemo-nos ao silêncio para sobreviver à perda.
LUTO
E O TEMPO NÃO PAROU!!!!!!!
GRAÇAS A DEUS!
O tempo reinou sobre os desalinhos, permitindo que o iluminar da história despertasse recordações doces. Descobrimos que somos fortes, como ele foi. Pai amoroso e amado. Esposo presente. Amigo leal. Trabalhador dedicado. Espírito nobre, caridoso e de fé.
Aos olhos dos filhos era um super-homem!
“Pai, bom saber que o ideal ao qual você dedicou sua vida e literalmente a perdeu, defendendo-o, está vivo, e em boas mãos. Possui um início e um meio que sempre devem ser lembrados e dedico meus sinceros votos para que nunca tenha fim.
Obrigada.
Profunda e orgulhosamente obrigada!
HONRA E REVERÊNCIA.
SAUDADE ETERNA.”
John Donne: “Nenhum homem é uma ilha isolada; cada homem é uma partícula do continente, uma parte da terra; se um torrão é arrastado para o mar, a Europa fica diminuída..”
“… a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti”.
Os sinos dobram por CABO ADELCIO PARRO, esposo e pai.
Maria Odete Berni Parro
Marcelo Parro
Adriana Parro Bozola
O tempo é mesmo um menino que nunca envelhece. E há pessoas que tocam nosso coração de uma maneira tão especial que não o deixa envelhecer também. Assim, intacto, conserva-se o carinho que o cabo Adelcio semeou em nós e à nossa volta. O nosso cabo —nosso porque era tão próximo que fazia parte de nós todos na Arprom— fez da entidade um ninho de cuidados, saberes e esperança para jovens carentes de Rio Preto. Por três décadas ele foi o porto seguro, o esteio, o referencial do bem para esses jovens, que quase ainda meninos chegavam à entidade em busca de alguma oportunidade para desenvolver uma vida digna.
Costumo dizer que ele era o corpo e a alma da Arprom. Com muita paciência, benevolência e a firmeza necessária, cabo Adelcio elegeu as ordens morais e comportamentais que os fariam preparar-se para o ambiente corporativo e também destacarem-se no trabalho que viessem a desempenhar. Mas tinha uma flexibilidade, uma amabilidade, um doce na voz e no trato com esses jovens que os faziam morrer de amores pelo seu líder, além de respeitá-lo e obedecê-lo. Uma coisa muito linda e cada vez mais rara de se observar. Era brincalhão também. Juntava-se aos meninos nas festas e comemorações, como se fosse um deles. Eu, um felizardo por ter compartilhado com ele as delícias de um tempo, digo, neste meu tempo que se estendeu à sua ausência, que o cabo Adelcio foi único. E seu tempo também.
Paulo Humberto Borges
Vice-presidente da Arprom
Você não pode copiar o conteúdo deste site.